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Foto do escritorO Alquimista

Iniciação Astral

Miramez olhou para Kahena e ela entendeu a fala dos seus olhos. Saíram do apartamento, momento em que senti forte vontade de acompanhá-los. E foi o que fiz. Eles já estavam à minha espera do lado de fora e Kahena, com toda simplicidade, disse sorrindo:



- Vamos, Lancellin, em busca da mãe Natureza. Ela guarda no seu seio, com abundância, certos recursos indispensáveis à nossa irmã enferma, e no-los ofertará com amor.

A curiosidade me aguçou os sentidos, por saber que Kahena era verdadeira mestra no trato com o Reino vegetal.

Descemos em um pequeno pântano, que nos agraciava com o coaxar dos batráquios. Em dado momento, Kahena esticou as mãos em direção a uma vegetação de mais ou menos um metro de altura, com raiz tuberosa. A planta acionou suas folhas como se estivesse entendendo e passou às mãos da nossa companheira, iluminadas pelas claridades das estrelas, uma espécie de plasma branco com raias de roxo.

Agradecemos e partimos. Chegamos até debaixo de uma árvore frondosa, em cujo tronco Kahena encostou a cabeça, parecendo conversar com a sua irmã vegetal; afastou-se uns dois metros e, na primeira bifurcação dos galhos, parecia abrir-se, com uma facilidade incrível, uma espécie de boca, de que se desprendia uma fumaça esbranquiçada, mas brilhante, que vinha na direção da nossa irmã e que ela foi recolhendo com todo carinho, enrolando-a como se fosse uma gaze, juntamente com o primeiro plasma recolhido.

Notei, então, certos movimentos no ar. A lua cheia estava alta no céu e os braços verdes das árvores não interrompiam seus raios, que iluminavam o chão. Tornei a observar, no silêncio que nos emprestava meios de melhor análise, e vi seres pequeninos, como se fosse chuva, dando-me a impressão de que saíam do interior da árvore em questão. Pulavam em cima de Kahena, brincando com seus cabelos, montavam cavalinho em seus ombros e em seu nariz. Ela, sorrindo, os abençoava a todos, em uma gratidão indescritível. As encantadoras criaturinhas passaram a festejar Miramez, subindo em sua cabeça e descendo em seus cabelos como se estivessem em um parque de diversões. Tornavam a subir e a descer, beijando as suas faces, pendurando-se em suas mãos, entrando e saindo em seus bolsos, naquela ventura de estarem gozando as maiores delícias da vida. Miramez suspirou fundo, dizendo a Kahena, com tranquilidade: - Louvado seja nosso Pai! Em toda a sua criação existe quem vele por ela. Nós devemos fazer o mesmo, por onde andarmos. Que Deus abençoe sempre estes irmãozinhos!




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1 Comment


Vera Lucia Stefano
Vera Lucia Stefano
Sep 17, 2018

Que lindo Joel!!

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